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AMOSTRA SOBRINHO: UM NOME, UMA PIADA, UMA HISTÓRIA E UM ARTÍSTA


Bem, queridos amigos, acredito que pode parecer exagero ou elevada auto-estima...mas ao longo desse tempo todo já me deparei com perguntas do tipo: ... esse seu nome é verdadeiro? donde tu és? Porque não dizes o seu nome real? Estas a brincar com a nossa cara?? Até numa destas vezes alguém mandou vir comigo; e para falar verdade ao longo da minha escolaridade o meu nome entrava na planificação da aula de todos professores como uma das funções didáticas ‘’ Motivação’’, porque quando se chamasse meu nome era motivo de risadas de lacrimejar - ( riam se poderem, porque também estou a rir).

Numa data igual a essa que completo mais um ano de vida, abrirei a primeira página do meu eu desconhecido para contar aos meus amigos porque ninguém contará melhor sinão eu mesmo.

Permitam-me caros amigos que esta primeira página seja puramente cultural porque foi a primeira fonte da qual entrei em contacto quando vim ao mundo. Os outros percursos vos contarei no próximo aniversário (Insha ALLAH).

Sobrinho Gomes Alfandega, um homem humilde, religioso, sincero e trabalhador é pai de Amostra Sobrinho, fruto da união marital com Berta Cardeira, uma camponesa humilde, religiosa e trabalhadora.

Fala-se pelo povo de Mexixine que o seu avô Gomes Alfandega foi proprietário de um grupo cultural de Dança Muthengo, que era reconhecido como um dos melhores da circunscrição de Mexixine, hoje localidade, em (Macuse-Namacurra), isto nos derradeiros anos 40, do qual seu filho primógenito Sobrinho, aos 20 anos fez parte do grupo como um dos principais percussionista de Muthengo wa Ngome.
  
Todo este acervo indicava que algum descendente desenvolveria esta arte, passados mais ou menos 4 decadas, nasce Amostra Sobrinho Gomes Alfandega, conhecido nos meandros musicais por Amostra Sobrinho,  a 10 de Maio de 1982, veio ao mundo com música como um filamento da sua alma e do seu corpo. Amostra Sobrinho aos 3 anos, o pai oferece-lhe uma harmónica (que pouco dominou). Com 5 anos já acompanhava o seu pai nas grandes actuações do grupo Marimba de Sô Varela, em Quelimane, onde o pai era tamborista e percussionista principal.

Cresceu num bairro suburbano, ouvindo e saboreando o samba do Carnaval de Fevereiro da Cidade de Quelimane, nalgumas vezes  ele e os amigos montavam o um conjunto para toques de samba nas rendondezas do Bairro Saguar. Pela ironia do destino apaixonou-se pelos batuques (igual ao seu pai), aprendeu a tocar vendo, e é um instrumento que ajuda na sua inspiração.

Pretendendo continuar os seus estudos, vai residir em Maputo desde 1997, no mesmo ano participa no programa escolar para descobrimento de novos talentos Brincando Aprendendo na Escola Secundária de Lhanguene, produzido pela Projovem (de madala Manuel - bem haja), onde foi destinguido como melhor voz.

A partir daí, o proprietário da Projovem convida-o a gravar os seus primeiros temas que se encontram em fita magnética (Cassete). Não sendo suficiente este aparato, dois anos depois, isto é, meados de 1999 participa no programa televisivo FANTASIA da TVM, apresentado pelo Gilberto Mendes, onde teve a possibilidade de passar até a segunda fase, fazendo mímica a música Só Você da Banda Musical SÁLDICOS.

No ano seguinte, participa no Programa O Caminho das Estrelas e A Caminho das Estrelas, apresentado pelo Victor José (que Deus o tenha no paraíso) e uma produção musical de Guilherme da Silva e Samsom.

No período da sua aprendizagem e desenvolvimento cultural participou ainda no programa da Televisão de Moçambique Convívio de Amizade, lá onde muitas das vezes o seus poemas cintilavam sobre as telas da tv num olhar impávido de um telespectador desconhecido.

Em 2001, transfere-se para continuar seus estudos na cidade da Beira, em Sofala. No mesmo ano, juntamente com Cândido Junior e Abdul Gafar formam a Banda Musical ETHOGOI (que significa últimos filhos – porque a Banda era constituída por últimos filhos de cada família) da qual Amostra Sobrinho era vocalista principal e faz nascer uma nova vertente musical fusão entre Nhambaro (Zambézia), N’dowa (Sofala) e M’balax (Senegal) diferente dos Djaakas, Mussodji, Nyacha e N’fiti (baseado no estilo N’dowa).

Um ano e meio mais tarde a Banda participa no Festival Music Crossroads para jovens artístas da África Austral e consegue 3°Lugar da Fase Regional Centro 5° Lugar na Fase Nacional. E grava o gingle (single) Inguissane Vana Va Moçambique com D.J. Marcell Richerman (Hoje, grande produtor de Videos Clips). Ainda no mesmo ano, como vocalista principal grava um album que foi posteriormente editado pela J.B. Recording e Vidisco.

De regresso a casa, em 2004 fez parte da Banda Musical Zona Negra, como vocalista e percussionista. Dois anos depois grava o seu disco a solo (não editado) e várias músicas de diversos projectos musicais.

Dentre tantas, se elogia a sua participação no Carnaval de 2007-2009; Na Iª e IIª Edição do Festival de Zalala com o sucesso Vedeghu-Vedeghu...

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