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AUSÊNCIA DA AUTENTICIDADE DA MÚSICA NHAMBARO (?)


A Dança e ou Música Nhambaro, como tal é originária e executada entre o povo Chuabo, e é um ritmo de conteúdo e significados profundos, praticada numa vasta zona sul da Zambézia que compreende os distritos de Quelimane, Namacurra, Mopeia, Morrumbala, Chinde, e uma pequena parte geográfica do distrito de Mocuba.

Desde dos tempos remotos, descrevem os praticantes de que Nhambaro foi uma dança ritual, dentro das cerimónias baseadas nos ritos de iniciação feminina. Mas a Música Nhambalo como tal encontra-se longe desta realidade devido a fraca relação que tem com o tecido social que executa a dança; e no processo de implementação e execução dos instrumentos usados na dança para a música. 

A Dança Nhambaro é rítmica, ela caracteriza-se basicamente por ser uma dança contagiante e alegre. A Kayo Omachi (2010:s/p) assegura de que essencialmente é executada por mulheres e tradicionalmente dançada em círculo, deslocando-se dois elementos de cada vês num vai e vem.

Em contrapartida, a Música Nhambaro encontra-se muito distante da realidade descrita acima, tudo bem, é real que a música também é contagiante e alegre, mas como é obvio, a música não é somente executada por mulheres, os homens são os principais executantes. Quanto as coreografias, na Música Nhambaro, ela não é dançada em circular e nem se deslocam dois de cada vês num vai e vem, pois que muitas vezes a questão coreografa depende do músico ou da Banda musical. Mas ultimamente estes, solicitam duas ou três dançarinas que fazem coreografias totalmente distanciadas da dança original.

Na Dança Nhambaro, a canção é acompanhada pelo bater rítmico das palmas e/ou pequenas tabuas, tornando-a mais autentica e pura. É assegurado pelo rufar dos tambores Gogo e Namirrebele, diz Kayo Omach (2010:s/p) que ‘’ este último é alto, de formato cilíndrico e oco ’’.

Em nenhum momento na Música Nhambaro se implementa o bater das palmas e/ou pequenas tabuas, talvez um pouco nas músicas tradicional ou ligeira, como o exemplo do músico Mussa Rodriques, Mafende Mandio e Precisado Cassamo, etc.

Onde está o problema desta discrepância na composição musical do Nhambaro?

Esta situação vem de longe, digamos, em meados dos anos 70 até ao decorrer dos últimos anos da história da música ligeira zambeziana, foram vários nomes que se evidenciaram na música nhambaro, como os casos de Felisberto Félix, Biriba, a Banda 1 de Maio, Sáldicos, Garimpeiros, Zona Negra, Greces, Sotaque Negro, Tudúlos, entre outros da nova geração de músicos de continuidade.

Desde do Grupo 1º de Maio, Sáldicos, Garimpeiros, como a sequência espelha, não se notou o processo básico de investigação da dança nhambaro para buscar a essência de execução, de maneiras a implementar ou executar nas composições musicais. Intende-se que é um trabalho muitas vezes dependente das iniciativas dos compositores, produtores e músicos que investigam. 

Na história da música zambeziana, muitos são os músicos e bandas que dizem tocar Nhambaro nas suas músicas, mas as evidencias mostram que nunca foram ao encontro das reais técnicas da dança, somente nalgumas vezes notam-se alguns elementos rítmicos. De realçar que até aos nossos dias podemos assegurar que a Banda Sáldicos (música Apatchae), Sannelo (música Paz e União) e Zona Negra (música Mulughu Nanvedhu), nota-se a implementação de alguma percussão vindo da Dança Nhambalo, e que provavelmente é fruto da pesquisa sócio-cultural.


Desta maneira, levamos muito tempo a pensar que a Música Nhambaro é autêntica, porém, na prática, a prova dos factos, mostra-nos o contrário, pois ela (música nhambaro) apresenta ausência total da percurssão básica da dança nhambalo. Ao ser assim, há necessidades de atribuir outro nome a este estilo musical ou, por outro lado, os músicos devem se empenhar na pesquisa etno-social e musical para apresentarem composições regularmente autênticas que não reneguem outras tendências e influências musicais. 

Comentários

  1. Boa tarde ilustre, fiquei maravilhado com o que li nestas curtas páginas. Obrigado por manter-nos informado.

    gostaria eu ter um blogue para deixar ficar minhas crenças.

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